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Resumo do documento de Teresópolis - "Teresópolis: a cristalização da perspectiva modernizadora"

Se o Documento de Araxá se apresenta como um texto orgânico, representando o que emergiu de consensual entre seus formuladores, o Documento de Teresópolis tem características diversas. É, com efeito, a justaposição, dos relatórios dos dois grupos de estudos em que se dividiram os 33 profissionais que participaram do encontro.
O Documento de Teresópolis foi centralizado na “necessidade de um estudo sobre a Metodologia do Serviço Social face à realidade brasileira”.
No texto de Teresópolis, o que se tem é o coroamento do transformismo: nele, o “moderno” triunfa completamente sobre o “tradicional”, cristalizando-se operativa e instrumentalmente e deixando na mais secundária zona de penumbra a tensão de fundo que subjazia no texto produzido em Araxá.
No Documento de Teresópolis o dado relevante é que a perspectiva modernizadora se afirma não apenas como concepção profissional geral, mas sobretudo como pauta interventiva. Há mais que continuidade entre os dois documentos: no de Teresópolis, “o moderno” se revela como consequente instrumentação da pragmática desenvolvimentista que o texto de 1967 avançava.
Foram discutidos 3 textos durante o Seminário de Teresópolis, forma eles: O primeiro “Introdução às questões de metodologia. Teoria do diagnóstico e da intervenção em Serviço Social” de Costa (1978); o segundo “Bases para reformulação da metodologia do Serviço Social” de Soeiro (1978); e o terceiro “A teoria metodológica do Serviço Social. Uma abordagem sistemática” de Dantas (1978).
Os dois primeiros não estavam sincronizados ao momento de maturação do processo de renovação do Serviço Social no Brasil. O de Costa porque tendia, mesmo que de forma discreta, a problematizar a linha evolutiva sinalizada desde Araxá; o de Soeiro porque não atendia às demandas já postas pelo desenvolvimento que vinha de 1967. Já o terceiro texto, de José Lucena Dantas, ofereceu ao debate uma concepção extremamente articulada da “metodologia do Serviço Social”, a mais compatível com a perspectiva modernizadora.
Partindo da “prática profissional do Serviço Social como um modo organizado e sistematizado de prestação de serviços, Dantas considera que a questão da metodologia da ação constitui a parte central e atual da teoria Geral do Serviço Social adequado à problemática social brasileira dependente da solução de seu problema metodológico. E sua pretensão consiste em oferecer uma introdução à metodologia do Serviço Social voltada para a prática profissional do Serviço Social se desenvolva e adquira um nível mínimo de cientificidade. Expressamente, Dantas – sustentando que a teoria metodológica da prática profissional do Serviço Social tem dois níveis de formulação: o da teoria científica e o da sistemática – quer identificar e analisar alguns dos aspectos e problemas básicos de uma teoria metodológica sistemática do Serviço Social profissional” (DANTAS, 1978, p. 66, apud, NETTO, 2009, p. 181).
Dantas aborda inicialmente a determinação do “método profissional”, que defende ser um “método científico aplicado” que se compõe de “diagnóstico” e “intervenção planejada”.
Desta forma, Dantas forneceu as mais adequadas respostas a duas demandas que à época amadureciam no processo renovador: a requisição de uma fundamentação “científica” para o Serviço Social e a exigência de alternativas para redimensionar metodologicamente as práticas profissionais.
Dantas preenche a lacuna entre método científico e método profissional e vem subsidiar a alocação de uma credibilidade científico-sistemática ao Serviço Social.
Ao conduzir ao limite o transformismo até então subjacente à perspectiva modernizadora, Dantas conferiu a esta organicidade (teórica: de fundo estrutural-funcionalista; ideológica: com viés da modernização conservadora com angulação desenvolvimentista) antes ausente. A cristalização da perspectiva modernizadora no Documento de Teresópolis seria impensável sem a sua contribuição.
Documento de Teresópolis compõe-se dos relatórios dos dois grupos de profissionais participantes, que se concentram sobre os temas: “Concepções científica da prática do Serviço Social” e “Aplicação da metodologia do Serviço Social”.
No estudo do primeiro tema, o Grupo A – inspirado em Lebret – construiu um quadro geral de 7 níveis, a partir de necessidades básicas e necessidades sociais, para classificar, em seguida, os fenômenos mais observados na prática do Serviço Social, identificar as suas variáveis significativas e localizar as funções profissionais a elas pertinentes.
Quanto ao mesmo tema, o Grupo B, com inspiração distinta, mas também assentada numa angulação desenvolvimentista, construiu um quadro sinótico de fenômenos variáveis segundo o critério das necessidades e problemas, com ambas as dimensões referidas a níveis de vida e sistemas de relações. No que toca à situação do Serviço Social, o grupo vai mais longe que o A: supõe três níveis de atuação (prestação direta de serviços, administração de serviços sociais e planejamento deles).
Nos dois relatórios há um denominador comum: a “concepção científica da prática do Serviço Social” é assumida como uma intervenção ordenada a partir de variáveis de constatação imediata e direcionada para generalizar a integração na modernização (entendida como já era posta em Araxá: como sinônimo de superação de subdesenvolvimento).
Em ambos os relatórios a “concepção científica da prática do Serviço Social” é efetivamente reduzida ao estabelecimento de conexões superficiais entre dados empíricos da vida social e à intervenção metódica sobre eles.
Apreciando o segundo tema – “Aplicação da metodologia do Serviço Social” – o Grupo A formula uma sequência do procedimento metodológico de intervenção do Serviço Social, que configura a própria metodologia genérica do Serviço Social encontrada em qualquer escala e forma de atuação, sequência que se compõe de investigação-diagnóstico e intervençãoJá o Grupo B, sobre o segundo tema, mostrou-se menos econômico. Começou definindo “metodologia aplicável ao nível do planejamento” e só depois da aplicável ao nível de “administração em Serviço Social” e “prestação de serviços diretos” – retomando, pois, o esquema contido nos “níveis de atuação. Operaram também com o binômio diagnóstico/intervenção, elaborando vários quadros, ao concluir com a prescrição das seguintes operações que configuram a “aplicação metodológica”: no diagnóstico – identificar, classificar, explicar, compreender, prever tendências; na intervenção – preparação da ação, execução e avaliação (CBCISS, 1986, p. 93, apud NETTO, 2009, p. 189).



Segue abaixo um outro resumo de Carla Allmeida

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